quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Tribunal do Santo Ofício

Tome conta do Brasil I

Você pode ficar no seu canto pensando que uma guerra no Iraque não vai afetar a sua vida; você pode achar que grupos fundamentalistas islâmicos devem ter alguma razão para explodir garotos suicidas sobre judeus civis ou achar que fundamentalistas judeus têm alguma razão em fincar colônias de 450 habitantes em meio a 150.000 palestinos sem emprego, mesmo que isso custe a vida de milhares de palestinos e dos próprios colonos judeus.

Você pode achar normal que 40 milhões de brasileiros passem fome enquanto a corrupção desvia boa parte dos recursos destinada à população carente e a obras públicas ou achar normal que a classe média brasileira tenha se tornado cada vez mais idiota em meio a uma selva de consumo e desperdício.

Você pode achar que ler livros é algo "cabeça" demais para você e que é melhor tomar um milk-shake, pensando que uma coisa ocupa o lugar da outra; você pode não gostar de política ou economia e nem mesmo por mportar com o que está acontecendo com o meio ambiente do planeta. Mas nunca foram tão importantes para você e para o Brasil a sua atitude e consciência sobre o mundo em que vivemos.

Faça um pacto com a Ética: tome conta do Brasil.

Tome conta do Brasil II


O brasileiro se equivoca ao pensar que o exercício de sua cidadania limita-se ao voto, esse ato outorgado de quatro em quatro anos. Na verdade, nossa restrição ao nosso papel de cidadão se inicia no momento em que observamos a política como algo distante da nossa realidade, em que passamos a enquadrar nós mesmos como indivíduos apolíticos à margem de qualquer processo relacionado à política. Aliada à nossa peculiar falta de memória (eufemismo para nosso desinteresse político), essa posição de inércia do brasileiro contribui para essa banalização da corrupção a que assistimos, sobretudo em Brasília e redondezas, pelas quais um ou outro valério-duto passou ou, quem sabe, ainda passa.
Avalie, por exemplo, o fato de que o Congresso brasileiro é o mais caro por habitante, segundo levantamento da ONG Transparência Brasil sobre os Orçamentos do Legislativo federal em comparação a 11 outros países. Em 2007, o Brasil destinou para a manutenção do mandato de cada um de seus 594 parlamentares federais quase quatro vezes a média do gasto dos parlamentos europeus e do canadense. Pelos padrões europeus de gasto parlamentar, o orçamento do Congresso brasileiro - equivalente a R$ 11.545,04 por minuto - poderia manter o mandato de 2.556 integrantes. Se for levado em conta o custo absoluto do Congresso brasileiro por habitante (R$ 32,49), ele seria o terceiro mais caro do mundo, atrás do italiano (R$ 64,46) e do francês (R$ 34,00). Enquanto a Câmara dos Comuns britânica arca com custos diretos de mandatos - salário, benefícios, assessores e verbas indenizatórias - algo em torno de R$ 600 mil por ano, a Câmara dos Deputados brasileira gasta aproximadamente R$ 101 mil mensais. Percebe-se que os integrantes das Casas legislativas brasileiras perderam a noção de proporção entre o que fazem e o país em que vivem.

Não é necessário ir à Brasília, epicentro desse colapso político, para tirar as mesmas conclusões: seguindo a regra geral das Assembléias Legislativas brasileiras, a de Minas Gerais, com 77 deputados, pouco exibe sobre a atividade parlamentar de seus integrantes. Não há informações agregadas sobre a presença nas sessões de Comissões ou do Plenário, não se sabe como os deputados gastam as verbas de que dispõem, ignora-se se viajam às custas do Orçamento da Casa e assim por diante. No entanto, pesquisando bem, percebe-se que a situação em Minas não difere do que se deduz do restante do país. O Orçamento para 2007 da Assembléia Legislativa de Minas Gerais corresponde a
R$ 496.937.556,00, ou 1,4% do Orçamento do estado. Dividindo-se esse número pela quantidade de deputados estaduais (77), atinge-se o montante de R$ 6.453.734,49. Isso é o que cada deputado custa aos cofres estaduais. É o segundo custo por deputado mais alto do país. Por outro lado, dividindo-se o total dos gastos com a Assembléia pela população do estado, o número resulta em R$ 25,51. Esse é o montante com que cada mineiro arca anualmente para manter a Assembléia Legislativa.

O clichê da pergunta "você lembra em quem você votou nas últimas eleições" não deveria ser encarado, necessariamente, como um clichê. Ter consciência da importância da nossa atuação ativa no plano político do nosso país é garantia de maior transparência e eficácia na administração política e social da nossa Nação.

Tome uma atitude:

+ http://www.transparencia.org.br
Acesse a página "Excelências"; lá, há um diagnóstico da atuação dos nosso parlamentares, além de informações sobre como o orçamento federal vem sendo aplicado em cada Estado.

+ http://www.arquivopolitico.com.br/site/politicoLista.php
Para evitar a amnésia eleitoral e acompanhar o mandato dos políticos em exercício.

+ renan.calheiros@senador.gov.br
Já dá para deduzir por que o e-mail de Renan Calheiros está aqui. Adicionar no msn é que não é...

Tome conta do Brasil.
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