terça-feira, 4 de março de 2008

Tribunal do Santo Ofício

Fluxo de Consciência - por Inquisição de Almeida

Indicação classificatória na TV? Bem, talvez seja a tão exigida participação das autoridades e do poder público na vida do cidadão brasileiro, ainda que isso soe como um resquício de censura a qual, sabe-se lá o nível de semelhante disparate, seja necessária segundo a opinião de alguns. Ora, o regime comunista controlava os meios de comunicação com rigor maior em prol do bem-coletivo-utópico-meio-marxista-meio-leninista e ninguém falava nada. Por isso é que eu desconfio de que sempre há alguma manipulação e um sórtido interesse por trás daquelas emissoras de TV e publicações semanais que chamam a disciplina socialista de falta de democracia.

O líder do Hezbollah morreu. Fidel Castro não é mais presidente de Cuba. O que falta agora? Sepultarem o corpo de Lenin? McCain ser eleito? Zé Dirceu ser absolvido? Curioso: a tal indicação classificatória poderia ser útil nessas horas, convocando os telespectadores às atrações ao invés de restringí-los. Por exemplo: é noticiada a abertura de uma CPI no Congresso. Antes que todos os telespectadores mudassem de canal, poderia aparecer alguma legenda indicando: "Conteúdo importante para o exercício da cidadania; por favor, assista."

Mais do que se orgulhar por ser um povo apolítico, seria interessante se orgulhar pela grandeza em ser uma nação tão diversa quanto a brasileira. Exporta-se grãos, carnes, laranjas, aviões e belíssimas modelos. Se não fosse pelo heróico e nobre ato do príncipe Harry, indo ao Afeganistão combater em nome... em nome do que mesmo?, sugeriria o envio de alguns deputados e senadores para a guerra porque, avaliem, tal atitude projetaria ainda mais o Brasil no cenário internacional. Tirando a analogia do argumento, que sugere alguma equivalência entre príncipes e políticos brasileiros e suas prováveis regalias, seria possível até a realização de um referendo sobre a proposta, não? A julgar pela eficiência do referendo sobre o desarmamento até que seria uma boa.

A indústria da manipulação da informação me impressiona mais a cada dia. Agora eu me pergunto: onde o Jornal Nacional conseguiu encontrar tanto bingo ilegal em São Paulo? Se isso não for o passatempo preferido dos funcionários do Projac que, insatisfeitos com os jogos de azar, resolveram denunciar tudo, certamente é a prova cabal de que o Departamento de Jornalismo da Vênus Platinada é mestre um criar notícias e preparar o terreno para sempre estar na hora certa e no lugar certo. Não, não estou dizendo que a Rede do Plim-Plim forja as notícias e a cobertura das mesmas em nome da exclusividade; no máximo, só favoreceu a Beija-Flor de Nilópolis para ser bicampeã do Carnaval carioca. Pode até parecer desabafo de um coração envolto no manto azul e branco da Portela mas tudo não passa de uma sutil idéia que insiste em cogitar o quão sortudo poderia ser o sr. Roberto Marinho.

Quebrar o protocolo está em alta no cenário político. Sarkozy perdeu a compostura. Zhirinovsky perdeu compostura - e a eleição, diga-se de passagem. O Aécio Neves não perde a compostura nunca! Elegante e incólume tão quanto a Petrobrás, esta empresa impassível até mesmo ante a possibilidade de espionagem industrial. Aposto que aquele satélite que iria cair aqui na Terra tinha envolvimento no caso. Como sempre, lá estavam os norte-americanos (ainda que só os estadunidenses, claro) para salvar o mundo da destruição. Não foi um "Armageddon" ou um "Impacto Profundo" mas bem que poderia servir de argumento para Hollywood acabar com a greve dos roteiristas. Os fãs de "Lost" agradecem.

~

Nenhum comentário: